terça-feira, 1 de abril de 2008

A Inserção do pensamento de Marx e Descartes no advento da sociedade moderna

No período medieval, tudo era considerado espiritual, usava-se Deus para explicar todos os acontecimentos. A Igreja mantinha a coesão social, o Papa era infalível, a pobreza era vontade de Deus, bem como a ordem social. O ceticismo a este pensamento começa na Renascença. Há uma mudança de paradigma no século XVI, no período da modernidade. Esta modernidade se articula no discurso do capital e da ciência. Nos séculos XVI/XVII há o “silencio de Deus”, ou seja, a sociedade não se remete mais a Deus como uma explicação. O ser humano volta-se para a natureza humana, que em decorrência disso passa, a partir desse momento, a ser estudada.
A razão vai ocupar o lugar que até então era ocupado por Deus. Ela se transforma num princípio unificador e se aplica a todos os domínios da natureza e do mundo, inclusive o político e religioso. Assim a razão passa a ser um paradigma, uma força política. Os homens buscam a verdade na linguagem e na escrita humana, não mais na revelação divina. O pensamento reformista coloca em xeque a autoridade e os critérios de produção da verdade. As mudanças se expandem na filosofia e na ciência.
Marx faz uma ruptura com o pensamento vigente no século XIX permitindo uma nova forma de pensar o sistema capitalista de produção, mostrando como ele se constituiu. A acumulação primitiva de capital é anterior ao capitalismo, ela é um pressuposto ético, não uma diretriz econômica. O capitalismo surge com a Revolução Industrial e esta, por sua vez, pressupõe a ciência afastada da religião.
A modernidade permite a criação de uma sociedade laica, onde ocorre a separação entre a fé e a razão e esta separação só acontece com a mudança do pensamento e o advento do questionamento e do individualismo. Por isso a modernidade se identifica com o capitalismo.
Os costumes, a história de um povo, a tradição cultural, anteriormente, influenciavam a forma como as pessoas pensavam, o que acreditavam. Estes costumes e tradições começam a ser postos em xeque no advento da modernidade.
Descarte se insere nesta lógica quando propõe que Deus não é mais a certeza básica. Ele é necessário só para mostrar a existência do mundo além do próprio sujeito. Deus é a necessidade epistemológica e não mais a estrutura ontológica do mundo.
Descartes viveu numa época marcada pelas guerras religiosas entre protestantes e católicos na Europa. Ele viajou muito e viu que sociedades diferentes têm crenças diferentes, mesmo contraditórias. Aquilo que numa região é tido por verdadeiro, é achado como ridículo, disparatado, mentira, em outros lugares.
Nesse caminhar, cada vez mais a ciência se afirma. A questão do mundo, em última análise, não é mais questão da filosofia, mas da própria ciência.
Descarte questiona o pensamento dualista (verdadeiro/falso). Para tanto sugere questionar o próprio conhecimento, método este que qualquer ciência pode utilizar. Na verdade ele quer achar um ponto de certeza no meio da dúvida. Para tanto parte do mais simples (eu sou corpo) para chegar ao mais complexo (eu sou uma coisa que pensa). È através do raciocino lógico que ele chega às certezas. Ele vê o homem como uma unidade em si.
Através desse raciocínio Descarte corrobora a teoria de que a prova da existência das coisas materiais é que elas podem ser reduzidas a códigos matemáticos, diferindo do pensamento medieval onde elas existiam, pois, Deus havia criado ou porque a Igreja dizia que existiam. Ele não questiona a criação de Deus, admite que Deus criou, mas se afastou deixando a natureza se guiar por ela mesma. Essa existência pode ser comprovada através dos códigos matemáticos.
A nova forma de organização da sociedade gera, de acordo com Descarte, um estranhamento do seu próprio “eu” levando esta sociedade a não saber mais com certeza realmente o que é e, situando-se como um ser pensante inserido neste novo contexto, onde a meta é produzir para acumular mais e mais capital.

Nenhum comentário: